A primeira parte pode ser encontrada aqui. Apercebendo-se de que estava a deixar-se dominar pelo pânico, abriu os olhos e forçou-se a respirar normalmente. Arriscou mais um olhar ao céu. Havia bombardeiros enormes, com um motor em cada asa. A acompanhá-los voavam unidades mais pequenas, com uma única hélice e de asas arqueadas. Por instinto, outra explosão fê-lo encolher-se na sua toca. O ataque foi sucedido por múltiplos rebentamentos. Concluiu que estavam a arrasar as linhas defensivas da cidade, das quais fazia parte. Passara um mês desde que fora chamado e tanto tinha mudado desde essa altura. Relembrava-se que fora […]
O Dia Em Que Choveu Fogo – Parte 1/5
Era o quarto Domingo de Agosto quando Alexey ouviu os altifalantes anunciarem o bombardeamento. O jovem não esperou que os aviões surgissem no céu azul, onde o Sol brilhava intensamente, largando a pá e atirando-se para o fundo da trincheira. Não tinha capacete nem arma, por isso só lhe restava aninhar-se e proteger a cabeça com as mãos. – Atenção camaradas, um ataque aéreo está eminente! – repetia, ao longe e sem cessar, a gravação. Esperou pelos ruídos de motores e pelo rebentar de explosões, mas, do buraco cavado num campo de tomates, ouviu apenas risos. Desde o primeiro momento […]
A alergia
Faltavam cinco minutos para a meia-noite quando Roberto acabou de armar a bomba. Desprendeu o recipiente de latão cheio de um líquido amarelo com tons esverdeados, que ficou num equilíbrio precário em cima de uma das barras laterais. Limpou o suor da testa e beijou o anel que trazia no dedo. Ajeitou o fato, colocou a cartola e afastou-se da ponte de ferro cruzado. Àquela hora só os bêbados e as prostitutas percorriam a cidade, por isso, não achou que houvesse o risco de ser reconhecido mais tarde. Que sociedade mais decadente, pensou, sabia que cada um daqueles homens era […]
O Monstro e a Musa – Parte 12/12
O início da história pode ser encontrado aqui e a décima primeira parte aqui. Ao fim da tarde, a maciça porta de carvalho foi destrancada e Artur entrou. – Tranquem-me e só abram quando vos der o sinal Assim que cumpriram a ordem, ele virou-se finalmente para Walter. – Não tentes nada de idiota – aconselhou, colocando a mão no punhal que trazia à cintura. O inventor permaneceu sentado e limitou-se a acenar com a cabeça. O líder do castro retirou um pão da algibeira e atirou-lho. Assim que o apanhou, sem pensar duas vezes, começou a comê-lo. Não […]
O Monstro e a Musa – Parte 11/12
A primeira parte deste conto pode ser encontrada aqui e a décima parte aqui. – Sim, só me dói um pouco o ombro – queixou-se com um gemido. O cavalo havia tropeçado numa depressão do terreno. Ao palpar-lhe o ombro, percebeu que se tratava apenas de uma ligeira contusão. O maior problema era o cavalo que não se conseguiria levantar, pois tinha partido uma pata ao embater numa rocha. Eva aproximou-se dele e afagou-lhe a cabeça com carinho. – Deixa o cavalo! – protestou o inventor. – Cala-te! – ordenou a rapariga. – Não podemos deixá-lo aqui assim! – […]
O Monstro e a Musa – Parte 10/12
A primeira parte deste conto pode ser encontrada aqui e a nona parte aqui. – Não! – respondeu bruscamente. – Ainda bem – aceitou Artur, retirando-se de seguida. O inventor não sabia se as palavras dele haviam sido sinceras. A negação fora demasiado brusca para passar despercebida. Era irrelevante, concluiu, pois ganhara tempo, que era o que mais precisava naquele momento. Achou melhor voltar aos seus aposentos. Ao entrar, viu que Eva o esperava. Pareceu-lhe estar muito mais alegre que naquela manhã. Ela veio ao seu encontro e deu-lhe um abraço reconfortante, acompanhado de um beijo carinhoso. – É perigoso […]