É inegável a presença do vocabulário relacionado com o mar na língua portuguesa. Infelizmente, a relevância desse pensar marítimo escapa-nos em muitas ocasiões. Desde sempre que o português olhou tal vastidão, não como uma fronteira, mas como uma fonte inesgotável de possibilidades. A extensa costa e posição periférica no continente fizeram com que o mar estivesse omnipresente na nossa história. De lá vieram os cruzados que ajudaram na conquista de Lisboa. A ele os portugueses se fizeram para conquistar Ceuta. Por ele navegaram, procurando novos mundos, pois o conhecido já não lhes bastava. Mote da epopeia heróica escrita por Camões, […]
A escuridão – Parte 5 de 5
A primeira parte pode ser encontrada em: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2013/08/a-escuridao-parte-1-de-5.html A quarta parte está disponível em: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2013/08/a-escuridao-parte-4-de-5.html Rui deu por si estatelado em cima dela. Num ápice, rebolou para o lado e pôs-se de pé. Os ouvidos ainda lhe doíam, percepcionando um zumbido irritante e permanente. Várias sirenes começaram a tocar num tom estridente. Nos monitores apareceu um mapa esquemático do abrigo, com a fonte do problema assinalada a vermelho. Ficou paralisado ao perceber que acontecera no refeitório. Após uma breve troca de olhares, precipitaram-se os dois para fora da sala de controlo, correndo pelos corredores. Cedo o meteorologista conseguiu vantagem, deixando […]
A escuridão – Parte 4 de 5
A primeira parte pode ser encontrada em: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2013/08/a-escuridao-parte-1-de-5.html A terceira parte está disponível em: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2013/08/a-escuridao-parte-3-de-5.html O grupo ficou mudo e pálido. A garganta do condutor fora aberta num golpe oblíquo. Pegado ao corpo, ao lençol e à maca, o tom vermelho escuro do sangue coagulado agredia-lhe os olhos. – Alguém tem algo a dizer? – inquiriu o tenente. Ao contrário da dona Margarida, a catedrática decrépita da qual ninguém realmente gostava, o condutor era o fiel companheiro das visitas à cidade. Nunca falhara a tarefa de encontrar um bar aberto onde pudessem beber uns copos. A pedido arranjava mulheres e […]
Contos da Era Dourada
Alguns dos meus leitores notaram que existem relações entre os meus diversos contos. Em certas histórias há de facto um denominador comum: passam-se no mesmo universo ficcional. Um desses universos tem o nome de Era Dourada e conta a história de um mundo pós-apocalíptico. Vou falar um pouco de cada um dos contos que o compõe até ao momento. A Alvorada A Terceira Guerra Mundial está no seu clímax e o balanço entre as duas facções foi desfeito numa gigantesca batalha aérea. David faz parte da divisão blindada com ordens para capturar São Petersburgo e terminar o sangrento conflito. Aproxima-se […]
A Escuridão – Parte 3/5
A primeira parte está disponível aqui e a segunda parte pode ser encontrada aqui. Os habitantes do abrigo reuniram-se à volta da vítima. Um único buraco na têmpora da sexagenária denunciava a causa da morte. Sussurravam entre eles como tal poderia ter acontecido. Sabiam que o eco se iria multiplicar num espaço fechado, não dando qualquer hipótese que um disparo ocorresse incógnito. – Eu sugeria que se revistasse os quartos, para encontrar a arma do crime – sugeriu uma mulher. – E se foram os soldados? – Porque haveriam de fazer isso? O tenente ergueu-se, enfrentando-os. – Eu não tenho interesse nenhum em […]
A Escuridão – Parte 2/5
A primeira parte pode ser encontrada aqui. As mentes mais pragmáticas desviaram os olhos dos ecrãs, fingindo-se ocupadas. Alguns quiseram vaguear. Rui descobriu com eles os vários níveis e corredores, onde se podia comer, dormir, fazer desporto e até ler ou ver um filme. Escolheu um quarto simples quase na extremidade do dormitório. Depois de anos a dormir ao lado do engenheiro naval, o Guilherme, estar sozinho era o melhor que lhe poderia acontecer. Odiava aquele gordo ressonava que nem um motor. Largou a carteira, o porta-chaves, um bloco de notas e telemóvel sobre a cama. Observou os documentos com […]