O Dia Em Que Choveu Fogo – Parte 5/5

Podem encontra a primeira parte deste conto aqui e a quarta parte aqui. Num gesto quase mecânico, como se fosse um espectador das suas próprias acções, puxou o cordão do explosivo. Sem apreender totalmente a noção do que fizera, saltara para fora da trincheira. Correu meia dúzia de passos e estendeu-se ao comprido no chão. Esperou pela explosão. Nada aconteceu. Percebeu que nem sequer sabia quanto tempo é que demorava depois de se puxar o cordel. Tendo em conta o estado do equipamento que lhe haviam dado, era provável que a granada nem sequer funcionasse. Outra possibilidade era de que […]

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O Dia Em Que Choveu Fogo – Parte 4/5

A primeira parte está aqui. A terceira parte pode ser encontrada aqui. Virou-se para o outro lado e tentou adormecer. Estava cansado, contudo, os nervos não o deixaram pregar olho durante longos minutos. Quando cedeu à fadiga, de lágrimas nos olhos, caiu num sono agitado. Não sabendo ao certo se estava acordado ou a sonhar, viu o vulto do brigão a inclinar-se sobre ele e percebeu que ele iria agredi-lo. Tentou resistir, encolhendo-se ao sentir as mãos no seu pescoço. Agarrou os pulsos de quem o tentava sufocar, enquanto esperneava. Os braços do oponente pareciam feitos de aço e a pressão parecia […]

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O Dia Em Que Choveu Fogo – Parte 3/5

O início está disponível aqui. A segunda parte pode ser encontrada aqui. A maioria dos soldados mostrou-se um pouco mais confiante ao ouvir aquelas palavras desajeitadas, pois apelava ao seu ódio pelo inimigo. A moral não se manteve por muito tempo, sendo totalmente arrasada com o chegar dos abastecimentos. Em termos de comida, eram muito reduzidos, dando apenas um bocado de pão a cada um. Se haviam ficado desapontados com a alimentação, as armas deixaram-nos completamente desesperados. Havia apenas uma dúzia de pistolas e outra de espingardas. Munições vinham em duas caixas minúsculas. Para além disso, havia somente duas caixas de granadas. […]

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O Dia Em Que Choveu Fogo – Parte 2/5

A primeira parte pode ser encontrada aqui. Apercebendo-se de que estava a deixar-se dominar pelo pânico, abriu os olhos e forçou-se a respirar normalmente. Arriscou mais um olhar ao céu. Havia bombardeiros enormes, com um motor em cada asa. A acompanhá-los voavam unidades mais pequenas, com uma única hélice e de asas arqueadas. Por instinto, outra explosão fê-lo encolher-se na sua toca. O ataque foi sucedido por múltiplos rebentamentos. Concluiu que estavam a arrasar as linhas defensivas da cidade, das quais fazia parte. Passara um mês desde que fora chamado e tanto tinha mudado desde essa altura. Relembrava-se que fora […]

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O Dia Em Que Choveu Fogo – Parte 1/5

Era o quarto Domingo de Agosto quando Alexey ouviu os altifalantes anunciarem o bombardeamento. O jovem não esperou que os aviões surgissem no céu azul, onde o Sol brilhava intensamente, largando a pá e atirando-se para o fundo da trincheira. Não tinha capacete nem arma, por isso só lhe restava aninhar-se e proteger a cabeça com as mãos. – Atenção camaradas, um ataque aéreo está eminente! – repetia, ao longe e sem cessar, a gravação. Esperou pelos ruídos de motores e pelo rebentar de explosões, mas, do buraco cavado num campo de tomates, ouviu apenas risos. Desde o primeiro momento […]

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