A alergia

Faltavam cinco minutos para a meia-noite quando Roberto acabou de armar a bomba. Desprendeu o recipiente de latão cheio de um líquido amarelo com tons esverdeados, que ficou num equilíbrio precário em cima de uma das barras laterais. Limpou o suor da testa e beijou o anel que trazia no dedo. Ajeitou o fato, colocou a cartola e afastou-se da ponte de ferro cruzado. Àquela hora só os bêbados e as prostitutas percorriam a cidade, por isso, não achou que houvesse o risco de ser reconhecido mais tarde. Que sociedade mais decadente, pensou, sabia que cada um daqueles homens era […]

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O Monstro e a Musa – Parte 12/12

O início da história pode ser encontrado aqui e a décima primeira parte aqui.   Ao fim da tarde, a maciça porta de carvalho foi destrancada e Artur entrou. – Tranquem-me e só abram quando vos der o sinal Assim que cumpriram a ordem, ele virou-se finalmente para Walter. – Não tentes nada de idiota – aconselhou, colocando a mão no punhal que trazia à cintura. O inventor permaneceu sentado e limitou-se a acenar com a cabeça. O líder do castro retirou um pão da algibeira e atirou-lho. Assim que o apanhou, sem pensar duas vezes, começou a comê-lo. Não […]

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O Monstro e a Musa – Parte 11/12

A primeira parte deste conto pode ser encontrada aqui e a décima parte aqui.   – Sim, só me dói um pouco o ombro – queixou-se com um gemido. O cavalo havia tropeçado numa depressão do terreno. Ao palpar-lhe o ombro, percebeu que se tratava apenas de uma ligeira contusão. O maior problema era o cavalo que não se conseguiria levantar, pois tinha partido uma pata ao embater numa rocha. Eva aproximou-se dele e afagou-lhe a cabeça com carinho. – Deixa o cavalo! – protestou o inventor. – Cala-te! – ordenou a rapariga. – Não podemos deixá-lo aqui assim! – […]

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O Monstro e a Musa – Parte 10/12

A primeira parte deste conto pode ser encontrada aqui e a nona parte aqui. – Não! – respondeu bruscamente. – Ainda bem – aceitou Artur, retirando-se de seguida. O inventor não sabia se as palavras dele haviam sido sinceras. A negação fora demasiado brusca para passar despercebida. Era irrelevante, concluiu, pois ganhara tempo, que era o que mais precisava naquele momento. Achou melhor voltar aos seus aposentos. Ao entrar, viu que Eva o esperava. Pareceu-lhe estar muito mais alegre que naquela manhã. Ela veio ao seu encontro e deu-lhe um abraço reconfortante, acompanhado de um beijo carinhoso. – É perigoso […]

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O Monstro e a Musa – Parte 9/12

A primeira parte deste conto pode ser encontrada aqui e a oitava parte está disponível aqui. – Espero converter os moinhos em geradores eólicos, guardar a energia obtida em condensadores e usá-la quando não houver vento… – O que é um condensador e como é que funciona? – interrompeu Aristides. – Muito simples. Pegamos num recipiente com líquido e mergulha-se dois fios de cobre nele. Ao passar corrente eléctrica, iremos carregar o líquido com energia. Basta ligar esses dois cabos e recebemos essa energia de volta. – E isso funciona? – duvidou Aristides. – Sim, o aparato que construí nos […]

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O Monstro e a Musa – Parte 8/12

A primeira parte deste conto pode ser encontrada aqui e a sétima parte aqui.   – A tua vida está em risco. Vem comigo, eu explico-te – ordenou Eva, agarrando-o pelo pulso. Deixou-se guiar através das ruas estreitas. A sua mente tentava perceber porque razão a sua vida estaria em perigo. Qualquer que fosse o caminho que as suas conjecturas seguissem, iam sempre parar a Artur. Percepcionava o líder do castro como um homem que não ligava a meios para atingir os fins. Por baixo daquela fachada de homem civilizado e educado, parecia haver um dirigente implacável e pouco tolerante. […]

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